B&D
Das técnicas mais Saborosas do bondage (ao meu ver) a
B&D é uma das mais interessantes, alem de ser um dos mais restritos...
Vou começar com alguns conceitos.
B&D (Bondage e Disciplina)
Bondage e Disciplina
são dois aspectos do BDSM que aparentemente nada têm em comum no que respeita
às atividades envolvidas, mas aparecem juntas por apresentarem semelhanças
conceptuais,ou seja, condicionamento físico ou psicológico. Bondage
e Disciplina descrevem atividades comuns em BDSM e não
formas de relacionamento, como o D/s e SM, que definem especificamente “Top”
e “bottom”.
Bondage, em BDSM, significa
imobilização e/ou restrição física de movimentos através de cordas e correntes,
dispositivos em madeira ou metal (algemas, por exemplo), borrachas e látex,
etc., com o objetivo de manter uma pessoa sob o domínio de outrem.
São meios que os praticantes de BDSM utilizam
para intensificar a troca consensual de poder, em que uma parte aceita
entregar-se e a outra aceita a responsabilidade dessa entrega.
O recurso a técnicas de Bondage
tem várias finalidades, as quais podem surgir isoladamente mas, em muitos
casos, existem em simultâneo. Podem apresentar-se com um caráter mais físico,
como sejam usos sexuais ou outros fins mais específicos, como por exemplo o
Shibari, ou com uma componente mais psicológica, recorrendo a exercícios
mentais para explorar a vergonha, a exposição, a humilhação, o receio, etc. É
também usado para provocar desconforto e dor pela restrição “per se”
ou pelas atividades que se possam realizar pela posição indefesa da pessoa.
Isto numa perspectiva sado masoquista.
O Bondage permite satisfazer uma
necessidade psicológica que pode estar, ou não, associada a prazer físico. É
muitas vezes usado para demonstrar e exercer poder, promover o respeito,
corrigir e castigar, treinar e disciplinar, ou, simplesmente, para situações de
“Role Play”, como por exemplo simulação de rapto.
A restrição pode ser parcial, permitindo alguma
mobilidade, como tendo somente as mãos ou os pés atados, estar dentro de
uma jaula, delimitando, desta forma, o espaço de movimentação ou, ser completa,
pés e mãos atadas, estar preso a um dispositivo externo, ou recorrer a restrições
envolventes, como a mumificação ou o uso de coletes de força.
Acrescentar a privação de sentidos à restrição
física, corresponde a elevar mais além as sensações experimentadas e tornar o
processo descrito ainda mais poderoso. Para tal, poderá usar-se vendas,
mordaças, "hearplugs" ou utilizar técnicas de controlo da respiração,
denominado por “breathplay”.
O consentimento para este tipo de atos tem de
estar sempre presente. Quem está na posição de imobilizado, tem de estar
consciente da sua posição de indefeso, e quem está na posição de imobilizador
tem de estar sempre atento ao bem estar do seu parceiro e em boas condições
físicas e psicológicas, tendo a perfeita noção da responsabilidade que detém.
Como tal, não é de mais referir a importância do conhecimento e da confiança
que se exige que se estabeleça entre ambos. Existem normas de segurança,
específicas para praticar Bondage que convém estarem sempre presentes.
Disciplina significa instruir,
educar e deriva da palavra "discípulo" que por sua vez tem origem no
termo latino pupilo. Disciplina advém da necessidade de se
aderir a um conjunto de regras, que permitam a aquisição de determinados
valores e formas de conduta subjacentes a uma determinada entidade, seja ela
individual, como o caso de um “Mestre”, ou coletiva como uma comunidade em que
o indivíduo se insere.
Um Castigo é uma punição usada para reprimir uma conduta considerada incorreta. A punição não deve ser encarada como o único método de disciplina. Há muitas pessoas que consideram um desafio muito interessante em disciplinar outrem, recorrendo o mínimo possível à punição.
Disciplina é um processo que
requer tempo e exige muita comunicação, causando por vezes alguma frustração.
D/s
(Dominação e submissão)
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Uma relação de Dominação e submissão,
vulgarmente denominada por D/s, é uma relação de troca de poder,
considerando-se relações do tipo Dominador /submisso ou Dono/escravo,
em função do menor ou maior grau dessa troca.
Dominador em BDSM é alguém que sente prazer no poder que
tem em controlar física e psicologicamente uma personalidade submissa.
Através da sua forma de dominar, consegue que a pessoa escolhida para
interagir com ele, se lhe entregue de corpo, alma e coração de uma forma
submissa.
Um Dominador genuíno, sente prazer em
compreender, cuidar, proteger, ensinar, guiar, elevar, uma personalidade
submissa, nem que para isso tenha de prescindir de alguns dos seus
interesses. Tem de ter o discernimento suficiente para saber até onde pode e
deve ir, tem de ter um auto controlo elevadíssimo para nunca pôr o bem-estar,
físico e psicológico, da pessoa que se lhe entrega em perigo. Tem de
respeitar, sempre, os limites impostos pelo submisso, comprometendo-se
a agir de forma a esticá-los sem nunca os ultrapassar.
Um Dominador é detentor de características
que lhe permitem dominar de maneira eficaz a mente e o físico do seu submisso
para que ambos se satisfaçam. Tem a capacidade de desenvolver métodos e
atitudes para aumentar o nível de entrega do seu submisso, despoletando-lhe
o desejo e a vontade para ele agir, de uma forma gratificante, em
conformidade com as suas orientações.
Por vezes confundimos o papel de Dominador
com o de "Master". Dominar é muito mais do que utilizar chicotes,
fazer sessões, mandar, controlar a prática, vestir de preto ou recorrer
sistematicamente a linguagem grosseira. Dominar também é ter atitudes nobres,
é saber pedir em vez de mandar, é saber exigir sem intimidar, é saber quando
deve castigar e recompensar, é saber reconhecer que o seu submisso não
é um ser inferior mas, a metade que o completa.
Submisso, em BDSM, é alguém que sente prazer em receber e
cumprir ordens e em se submeter aos gostos e vontades do seu Dominador.
Um submisso retira prazer desta transferência de poder e quanto mais
prazer sente que o Dominador retira, maior é a sua satisfação.
Cabe ao submisso definir os seus limites e
permitir que o Dominador os identifique, dando-lhe o consentimento
para ele os trabalhe, com o objetivo de serem superados da forma que o Dominador
considerar ser a mais proveitosa para ambos. Cabe ao submisso,
ainda, definir a forma como se processará a sua submissão.
Uma relação de Dominador e escravo
pressupõe uma relação de total troca de poder.
Um submisso que no desenvolvimento e
amadurecimento dos seus valores, deseja que a sua entrega seja total, que
está disposto a servir o seu Dominador em todas as áreas da sua vida,
entregando-se aos seus comandos, aceitando as suas ordens, entregando todos
os seus direitos, torna-se escravo. O Dominador ao estar
consciente e preparado para esta responsabilidade torna-se Dominador.
O prazer do escravo está centrado no
serviço que ele presta e à satisfação do seu Dominador. Servir o Dominador
pressupõe servidão em todos os aspectos por ele exigida, quer eles sejam
sexuais, de acompanhamento pessoal e profissional, em aspectos domésticos,
familiares e sociais.
Cabe ao Dominador a responsabilidade de
ensinar, treinar, guiar, proteger com a finalidade de que o escravo atinja os
níveis pretendidos para que ambos se sintam felizes e realizados na relação.
Comummente o Dominador exerce autoridade
total sobre o seu escravo, considerando-o sua propriedade mas, à luz
da consensual idade reserva-lhe o direito deste expressar descontentamento se
a relação não estiver a resultar. Nestes casos, o Dominador deverá
avaliar a situação e, se não estiver ao seu alcance fazer nada para a
melhorar, deverá libertá-lo.
Por vezes, a fronteira entre uma relação de Dominador/submisso
e Dono/escravo, é muito ténue mas, em jeito de conclusão,
podemos admitir que um Dono é sempre Dominador e um escravo
é sempre submisso, sendo que o contrário não se aplica.
Numa relação entre um Dominador e um submisso,
o poder que transita para o Dominador é aquele que o submisso
está disposto a dar, numa relação entre um Dono e um escravo a
extensão do poder é determinada pelo Dono.
Como BDSM é um relacionamento entre adultos que
se pretende que seja satisfatório para todos – “Tops”, “bottoms”, Dominadores,
submissos, Donos e escravos - convém referir que,
independentemente do tipo de relação que se estabeleça, o bem estar físico e
psicológico dos intervenientes tem de estar sempre presente.
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Sadomasoquismo
- SM
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Uma relação sado masoquista é composta por
um sádico e um masoquista que interagem com o objetivo de obter
e proporcionar prazer ou satisfação sexual através da dor.
O sádico obtém prazer ou satisfação sexual
a partir da administração de dor, física ou psicológica, sobre parceiros de
uma forma consensual. A expressão vem de Comte Donatien de Sade, mais
conhecido por Marquês de Sade (1740-1814).
O masoquista gosta de receber dor como um
estímulo intenso para atingir excitação sexual ou prazer. A dor deve ser dada
de uma forma correta por alguém responsável que saiba o que está a fazer e
por ele consentido. A expressão vem de Leopold von Sacher-Masoch, escritor
austríaco (1836-1895).
Enquanto que em D/s e B&D a dor é
usada, essencialmente como forma de correção ou punição, em SM a dor é
o prazer, é o meio mais usado para atingir prazer sexual sem que implique
haver qualquer tipo de troca de poder.
Muitas vezes o prazer sádico é associado
ao "Top" ou ao Dominador, como o prazer masoquista é
associado ao "bottom" ou submisso mas, isso nem sempre é verdade.
Há Dominadores masoquistas e submissos sádicos.
O recurso à dor, como forma de prazer, pressupõe
ser um jogo consensual, carregado de erotismo e sensualidade, muitas vezes
funcionando como prelúdio para atos sexuais mas, não implica, necessariamente
que haja sexo. Toda e qualquer dor sem consentimento nunca poderá ser
encarada como uma integração SM, mas sim como um abuso.
Estas são apenas algumas considerações sobre o
que poderá ser SM em BDSM, salvaguardando o fato de que aquilo que
poderá constituir dor e prazer para uns, não terá de ser igual para todos.
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Top/Bottom
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Termos normalmente usados para identificar
pessoas que interagem em sessões ou em atividades BDSM sem terem,
necessariamente, uma relação. Retiram prazer físico e psicológico praticando
o que mais gostam naquele preciso momento. Terminada a atividade ou sessão,
não pressupõe que exista qualquer compromisso entre ambos. Podem ser internações
únicas, como podem ser repetidas mais ou menos
periodicamente.
Top significa “Topo”, “Cimo” que em BDSM é quem
determina a cena, sem ser necessariamente um Dominador, quem assume a posição
de comando nas práticas BDSM, respeitando sempre os limites definidos pelo bottom.
O seu principal papel é o de dirigir e aplicar as diversas
técnicas usadas em BDSM para o prazer de cada um.
Bottom significa “base”, “baixo” e está associado a
pessoas que gostam de se submeter em práticas BDSM. Podem ou não definir
o decorrer da atividade ou sessão, não sendo a sua principal motivação
retirar prazer com o prazer que o "Top" está a obter.
Mestre/mentor
Em BDSM consideramos que alguém é Mestre,
quando esse alguém é muito conhecedor e muito experiente numa determinada
prática. Muitos Mestres optam por ensinar a sua experiência
mas, há outros, que se limitam a demonstrá-la com o intuito de incentivar
outros a encontrar o seu próprio caminho.
Há Mestres que desempenham
unicamente funções de Top porque não têm nem submisso, nem escravo para
estabelecerem uma relação. Se um Mestre tiver um submisso é Mestre
e Dominador, se tiver um escravo é Mestre e Dono.
Muitas vezes a figura de Mestre
é confundida, erradamente, com a de Mentor. Um Mentor
não tem de ser um Dominador, poderá ser um submisso. Um Mentor
é alguém que pela sua sabedoria e experiência se disponibiliza para discutir,
aprofundar e divulgar a cultura BDSM, a todos aqueles que o procurem
(submissos, Dominadores, curiosos) quer seja para esclarecer dúvidas, escutar
uma opinião, ou procurar um caminho. Será uma pessoa conceituada no meio que
estudou e estuda muito, sendo reconhecido como um criador e formador de
opiniões. Uma figura fundamental para o bom desenvolvimento e crescimento de
uma comunidade BDSM.
Idéias importantes...
Aqui eu tentei mostrar mais “o lado psicológico
da coisa.” Alem de outra curiosidades
pre-care/ aftercare
Os cuidados a ter antes - “pre-care“
- e após - “aftercare” - qualquer interacção BDSM,
sobretudo nas mais exigentes fisíca e/ou psicologicamente, são tão
importantes como a própria sessão em si, embora sejam muitas vezes
negligenciados.
Durante a fase de “pre-care” a
comunicação e o entrosamento entre os participantes devem conduzir a um
incremento dos níveis hormonais, sendo equivalente aos chamados preliminares
no sexo dito “baunilha”. Podem fazer parte desta fase as negociações
relativamente às práticas e limites de cada um, bem como a preparação do
ambiente (luz, cor, cheiros, som) e dos “materiais” e objetos a utilizar.
Parar uma sessão para ir buscar mais este ou aquele objeto pode comprometer
muitas vezes a dinâmica e o desenrolar de uma sessão. Numa sessão de
“bondage”, por exemplo, a conexão entre os intervenientes pode passar por
exercícios de alongamento muscular, avaliação do corpo através de carícias,
etc. Numa sessão de “spanking” que se pretenda que atinja um determinado
nível de intensidade, o tacto e aquecimento das zonas de impacto é
fundamental.
Determinadas atividades de BDSM podem ser
extenuantes e consumir a energia física, mental e emocional dos participantes.
Como resultado, um ou mais dos intervenientes podem necessitar de suporte
para transitar desse estado e recuperar as energias de volta à normalidade.
Após uma sessão de “bondage” ou “spanking”, por exemplo, muitos “bottoms”
sentem frio e apresentam a boca seca, sendo necessário providenciar um
cobertor e água.
Práticas comuns de “aftercare”
incluem abraçar, beijar, acariciar os cabelos ou proferir palavras de consolo
e gratidão. Várias formas de sexo dito “baunilha” são também usadas como “aftercare”.
O “aftercare” pode passar igualmente pelo processamento dos
sentimentos vivenciados por cada indivíduo no decorrer da sessão, através da
sua verbalização. Alguns sentimentos podem não ser imediatamente óbvios, e
podem emergir ou permanecer durante horas ou mesmo dias. É muitas vezes
mencionada uma sensação de vazio, ou sentimentos como solidão, humilhação,
remorsos, raiva, etc. Estes sentimentos despoletados pela sessão devem ser
entendidos e cabe ao “Top” ajudar o “bottom” a encontrar uma resposta
emocional positiva. Mais uma vez a conexão através da comunicação é
fundamental. No entanto, há quem prefira ser deixado só a processar e a
recuperar da experiência. A forma e as necessidades de cada um devem ser
mencionadas e discutidas à partida antes de se iniciar a sessão.
O “aftercare” é
particularmente importante quando as sessões:
- são intensas ou exigentes
- envolvem parceiros ou técnicas novas
- resultem em lágrimas, gritos, orgasmos ou
qualquer outra forma de libertação emocional
- tenham sido interrompidas por um acidente
- tenham corrido mal ou que acabem pelo uso da
“safeword” originando sentimentos de mau estar, raiva, fúria,
angústia ou qualquer outro distúrbio ou sentimento de desordem emocional.
Faz ainda parte do “aftercare”
a limpeza e acondicionamento devido dos materiais e objetos utilizados
durante a sessão.
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